Amargoseira (Melia azedarach L.)

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Foto 1: aspecto geral da árvore (Caldas, com o Edifício das termas por trás)


Como se pode observar, trata-se de uma árvore de folha caduca (que pode atingir os 15 a 20 metros de altura e cerca de 100 anos de idade), porte médio, de copa arredondada (oval ou obovada) e floração curta mas muito decorativa, com características visuais muito interessantes e variáveis com as estações ao longo do ano e, ao longo da vida desta planta, muito utilizada como ornamental em paisagismo.


Classificação:

Divisão: Spermatophyta

Subdivisão: Magnoliophytina (Angiospermae)

Classe: Magnoliopsida

Subclasse: Malvidae

Ordem: Rutales

Família: Meliaceae

Espécie: Melia azedarach. L.

Tipo Fisionómico: Microfanerófito

Sinonimias: Melia azedarach var. subtripinnata Miq; Melia japonica var. semperflorens Makino

Nome(s) comum(s): amargoseira, amargoseira-do-Himalaio, amélia, árvore-de-Jonny, árvore-dos-rosários, árvore-santa, bombal, bombolo-de-portugal, cedro-do-ceilão, cinnamomo, conteira, jasmim-azul, jasmim-de-cachorro, jasmim-de-soldado,jasmim-soldado,lilás-das-índias, lilás-das-antilhas, lilás-do-cabo, lírio-da-índia, margosa, mélia, nimbo, niumbó, paraíso, sicómoro-bastardo, sinamão, tenente-e-intendente (Cabo Verde), pára-raio (como é conhecido pelo povo do Santo, no Brasil).

Distribuição Geral: É nativa na China tropical, Japão, Índia, Sri Lanka, Indonésia e Austrália; naturalizada no Sul da Europa, África, EUA, México e América do Sul (parte tropical).

Habitat: Usada como Ornamental

Época de Floração: Abril - Julho

Folhas: São alternas, compostas, pinuladas ou bipinuladas, de contorno mais ou menos triangular e folíolos numerosos (ovados ou ovado-lanceolados), com cerca de 2 a 5 cm de largura, 20-40 cm de comprimento, com uma margem irregularmente serrada, com pecíolos curtos, em pares ao largo do pecíolo comum; lanceolados até ovóides; glabros, margem dentada; São lustrosos e têm coloração verde-escura na superfície superior e mais pálidos em baixo; Com odor picante quando esmagadas. Apresentam uma silhueta muito apreciável, com uma textura lisa e brilhante mas não serosa, características interessantes para ser utilizada como espécie sombreadora - apresentando uma sombra fresca.


foto 2: folhas (no início da floração)

foto 3: folhas (folhagem desenvolvida)


Flores: As flores dispõem-se em grandes inflorescências axilares, largamente pedunculadas.

Apresentam, um cálice herbáceo de pequeno tamanho (com 5 sépalas esverdeadas, com 5 pétalas púrpuras ou lilás, de 10 mm de comprimento), panículos de 10-25 cm ou mais de comprimento, na base da folha, num pedúnculo comprido e ramificado.

As flores são fragrantes e apresentam-se em inflorescências axilares grandes, cobertas por pêlos quando jovens;

Época do ano com flor: de Abril a Julho, ocorrendo a floração geralmente em Maio.


fotos 4: a exuberância das suas flores

Frutos: São globosos drupáceos (verdes no início e amarelos quando maduros), ligeiramente carnosos e ovóides, com cerca de 15mm de diâmetro, lisos (tornando-se rugosos), contendo, cada uma, 3-5 sementes (castanhas escuras com 8 mm de comprimento9 com caroço duro. Apresentam um cheiro um pouco desagradável enquanto maduro, o que faz deles um repelente muito eficaz para afastar os elementos xilófagos da planta. Apresentam fruto durante quase todo o ano, estando aquele maduro em Junho.


Fotos 5: bagas jovens


Fotos 6: bagas maduras

Tronco e Raízes: O Tronco é acinzentado, com ritidoma irregular, fendilhado, nas plantas adultas, apresentando cor com tons claros (alaranjados ou ocres) nas plantas jovens. A sua madeira liberta um certo odor, tornando-a numa boa madeira para mobiliário, pois repele os elementos xilófagos, como as térmitas.


Fotos 7: aspecto de troncos jovens

Fotos 8: aspecto de troncos adultos (Jardim das Caldas)


Esta espécie (sendo dicotiledónea), apresenta uma raiz do tipo alorrizica ou aprumada (pifutante).

Interesse paisagístico: é uma planta de rápido crescimento, por isso usada em alamedas onde se quer árvores de rápido crescimento, e apresenta uma longevidade curta, rondando a idade máxima por volta dos cem anos. É uma planta que aguenta bem a transplantação, fazendo-se essa manobra na primavera ou Inverno sem dificuldades. É uma espécie muito resistente ao ataque de bicho, muito se devendo ao cheiro libertado pelo fruto e pela sua madeira. Quando à poda ou topiária, a planta não aguenta muito bem, procedendo-se a essa actividade só e unicamente para formação, ou então para manutenção para remoção de ramos velhos, partidos ou em mau estado sanitário. É utilizada como sombreadora e aguenta muito bem a poluição urbana, sendo por isso usada em sistemas urbanos que apresentem elevados teores de poluição mas não é uma espécie metalogénica - tem muitas dificuldades em sobreviver em contacto com os metais pesados (como acontece nas denominadas zonas industriais).

A Melia azedarach L., pode ser utilizada em múltiplas situações, de acordo com os vários princípios de composição da paisagem. Tanto pode aparecer como ELEMENTO ISOLADO, a criar RITMO na paisagem ou ser o ELEMENTO HARMONIOSO que enquadra um elemento que cria alguma intrusão como poderá ser usada como OBJECTO FOCAL, muito devido à sua textura ou ao seu fruto (mas por ser caduca não é muito utilizada para esse fim).

Desde a antiga civilização Persa (e mais tarde com o Jardim Árabe) que se utiliza esta espécie como ORNAMENTAL (a sua relação com jardins mitológicos ficará sempre relacionada com as características tóxicas da sua baga) e, no Jardim Inglês, ela é (re)tratada como OBJECTO DE ARTE e pintada em frescos.

Actualmente a amargoseira aparece nos jardins contemporâneos como ÁRVORE DE ALINHAMENTO ou a formar MACIÇOS ARBÓREOS. É também utilizada em ALAMEDAS, pois aguenta bem a poluição urbana.

Uma chamada de atenção referida em determinada bibliografia, é a recomendação para a sua não utilização na proximidade de parques infantis devido às suas propriedades tóxicas (a ingestão das suas bagas, por exemplo, pode provocar a morte de uma pessoa, apesar de haver registos de culturas que as consomem secas e assadas …).

Locais em Chaves onde se podem observar exemplares desta espécie: Em espaço privado, que eu saiba, não existem exemplares dignos de referência.

Em espaço público, podemos observar mais atentamente alguns bons exemplares (em diversas fases de desenvolvimento) no Jardim das Caldas (entre o Buvete das Termas e o Parque Infantil - essencialmente como elementos pontuais - e, especialmente, como árvore de alinhamento/maciço, no espaço que fica por detrás das Piscinas até ao Campo de Ténis). Destacamos também como digno de uma visita o magnífico exemplar (talvez um dos mais antigos, diria) que se encontra no recreio da Escola Primária de Santo Amaro. Mais recentemente, podemos observar em novas urbanizações (Fonte do Leite e Santa Cruz) o uso desta planta como árvore de alinhamento, com as da Fonte do Leite (Edifícios Carrajo, em frente ao Centro de Saúde) ainda numa fase precoce de adaptação (já lá vão mais de dois anitos!), com exemplares debilitados e, por enquanto, sem grande expressão. Sei ainda (de fonte muito segura) que esta vai ser a espécie utilizada nos arruamentos de outras urbanizações projectadas para a cidade de Chaves.

Pessoalmente, apesar da utilidade e do interesse desta espécie que levam os projectistas a “pensar nela” como árvore de alinhamento (eu incluído), prefiro vê-la em maciços ou alinhamentos mais naturalizados em zonas de passagem (mesmo que lenta ou com elementos de estadia) onde, de facto (e basta ir lá pôr-lhes a vista em cima) sobressaem – evidenciando todo o seu esplendor.


Fotos 9: Exemplares do Jardim das Caldas (em alinhamento/maciço).

Notem-se as diferenças do aspecto das árvores do Inverno para a Primavera/Verão


Um parêntese: apesar de haver vários exemplares em lugares não recomendados (parques infantis e recreios de escolas, por exemplo): não consta em Chaves que alguma vez alguma criança ou adulto tenha ido parar ao hospital ou centro de saúde por ter ingerido bagas ou folhas de amargoseira.

A partir daqui o pensamento e o discurso passará para os leitores deste post pois, por mim ... por aqui me fico na companhia do tradicional ditado dos nuestros hermanos “en brujas, yo no me lo creo … pero que las hay, las hay”.

Foto 10: Um dos exemplares mais interessantes da cidade de Chaves, na Escola Primária de Santo Amaro


Curiosidades:

- é utilizada na produção de repelentes para bichos entre eles e como título de exemplo, a Tuta absoluta (traça do tomateiro);

- apresenta também indícios de uma relação simbiótica, entre a planta e micorrizas arbusculares (endomicorrizas), o que poderá ser uma mais valia, por exemplo, na colonização da espécie em solos muito pobres;

- tem alguma resistência a solos salinos, mostrando uma óptima resposta a esses meios;

- é um dos produtos naturais utilizados na criação de métodos contraceptivos para controlar as pragas de ratos (pelo menos no Reino Unido);

- a sua madeira é excelente o fabrico de mobiliário.


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Fotos: F.Reis(c)2008-2011

Local: Chaves (Jardim das Caldas e Recreio da Escola Primária de Santo Amaro)

Texto: adaptado de várias fontes, em especial da FLORA DIGITAL DE PORTUGAL do Jardim Botânico da Utad

Outros:

+ MATAS CILIARES – página do Governo Brasileiro

+ MELIA AZEDARACH L. NA WIKIPEDIA

+ MELIA AZEDARACH L. NA INFOPEDIA

+ MELIA AZEDARACH L. NO JARDIM BOTÂNICO DA UNIVERSIDADE DO PORTO

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14 comentários:

  1. Viva!

    · as folhas, segundo a obra do José Marques Moreira [Árvores e Arbustos em Portugal] tanto podem ser pinuladas como 2-pinuladas.

    cumprimentos

    Bruno Meireles

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  2. Bruno Meireles,

    Obrigado pelo comentário, que agradeço sinceramente pois o meu objectivo principal é melhorar (vou acrescentar esta informação ao texto).

    Abraço.

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  3. E as boas-vindas a Silver-Machine ao rol de seguidores. Muito obrigado.

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  4. Vim Beber sabedoria
    Passei e parei vi Chaves e parei mesmo
    As minhas raízes...
    Fui Aí no principio do mês para tirar fotos para o livro de família que estou a fazer. raízes que procuro... minha Mãe veio na guerra civil de Espanha a família no fim da guerra regressou ela ficou.. casou eu nasci em Vidago. fomos cedo para Angola. agora voltei e vou investigando.
    Adorei passar por aqui. beijos.. vou voltar

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  5. Gostaria de saber se há algum problema para se plantar proximo a muros e calçadas? Problemas com a raiz. Desde já agradeço.

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  6. Ouvi um comentário na TV e vim procurar na NET.
    Fiquei com muito entusiasmo e gostaria de ter uma planta(árvore) destas.
    Como adquirir uma bebé ?

    É repelente de insectos ou insecto-caçador ?

    Obrigado.

    persazul@gmail.com

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  7. Obrigado.
    Para recuperar uma senha o meu contacto não é o que termina em 53. Já não existe. Como fazer ?

    persazul@gmail.com

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  8. Tenho um lindo e enorme exemplar em casa e é magnífico!

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  9. Opa. Trouxe sementes da África do Sul e estão crescendo muito bem nos vasos que plantei em Santa Catarina. Porém pessoas de lá me aconselharam a "destruir" as mudas pois é considerada uma "alien tree". Seria mesmo uma praga que poderia afetar a flora local?

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  10. As folhas dessa árvore imersa em água fria após três dias pode ser consumida ela reverte o diabetes

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  11. Gostaria se alguem pode me dar orientação sobre como é a raiz dest especie e se ela pode danificar contruções. tem margem de distanciamento dela para a construção. aguardo

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  12. Gostaria se alguem pode me dar orientação sobre como é a raiz dest especie e se ela pode danificar contruções. tem margem de distanciamento dela para a construção. aguardo

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  13. Excelente artigo!
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